segunda-feira, 15 de junho de 2009

10 Anos da I Exposição dos Artistas Senenses - II

2- Maturidade e plenitude das grandes Colectivas de Artistas Senenses
3-Sob o signo das Belas Artes (em preparação)


2 - Maturidade e plenitude das grandes Colectivas de Artistas Senenses
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Logotipo de Associação de Arte e Imagem de Seia


A II Exposição Colectiva dos Artistas Senenses, para além do interesse acrescido de se ter realizado na viragem do século, confirmou as expectativas criadas pelo sucesso da primeira exposição. Em 2001, as grandes colectivas de artistas senenses atingiriam o seu momento alto, conciliando quantidade e qualidade.

A sobrelotação dos espaços na exposição de 1999, levou a organização a reduzir o número de obras que cada artista poderia apresentar em 2000 e, no ano seguinte, limitou-se também as dimensões das obras. Essa limitação permitiu melhorar a qualidade e segurança da exposição dos trabalhos sem afastar do evento um único artista interessado em expor, cumprindo a decisão primordial de evitar qualquer pré-selecção. Assim, as dimensões médias das obras aumentaram consideravelmente, aproximando-se das dimensões máximas permitidas pelo regulamento, melhorando o aspecto global da exposição sem perder participantes.

Em 2000, a Colectiva alargou-se a exposições paralelas. A requalificação dos espaços da actual Casa da Cultura, no seguimento da constituição da Empresa Municipal de Cultura e Recreio, permitiu utilizar o espaço do antigo bar (depois Espaço Internet) para acolher a exposição Seis Artes/Seis Expressões, e do respectivo átrio, onde esteve patente a exposição de homenagem a Amílcar Henrique.

Uma recontagem posterior do número de artistas presentes nas primeiras Colectivas, considerando a participação extra-catálogo e quase espontânea de alguns deles, permitiu concluir que rondaram, em média, os 33 (1999, 2000 e 2002), com uma subida acentuada em 2001 (41). Apesar de proximidade dos números, os artistas variaram de exposição para exposição, mas tornava-se já visível, em 2001, um grupo de artistas com participação mais regular: Ana Carvalhal, António Ferreira, Conceição Lages, Elisa Marques (Elimarq), Francisco Paulo, Isabel (Isabelle) Almeida, Isabel Matias (Mabel), Isabel Saraiva, Joana Furtado, Luiz Morgadinho, Paula Neves, Ricardo Cardoso, Ricardo Fonseca, Silvia (Sylvia) Monteiro da Silva, Sérgio Reis. Destes 15 artistas, oito acabariam por fazer o pleno das sete grandes colectivas (ver quadro na 1ª parte do artigo).

“Dedicando-se às artes a tempo inteiro ou nas horas vagas, os artistas de Seia constituem um grupo considerável de heterogeneidades, de traços e de expressões, capazes de captar curiosas admirações e sublimes simpatias. E com eles consolida-se na cidade mais uma iniciativa cultural de grande impacto, projectada a uma escala nacional, prometendo novos horizontes.” (Mário Jorge Branquinho, Notícias da Serra Nº 46, 25 de Maio 2000).
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II Exposição Colectiva dos Artistas Senenses
13 a 28 de Maio de 2000

Após o entusiasmo com que foi acolhida a proposta de constituição de um Movimento / Associação que abrangesse todos os criadores senenses (artes plásticas, design, arquitectura, escrita, música, etc.), por mim apresentada no jantar/convívio de artistas realizado na Quinta do Crestelo em Junho de 1999, não foi possível dar seguimento imediato à ideia. Apenas alguns artistas responderam favoravelmente à solicitação por escrito, já que havia necessidade de formalizar apoios, e concluiu-se não existirem ainda condições para uma efectiva união de esforços, o que poderia acontecer após a consolidação da exposição colectiva como evento anual. Também por este motivo, apostou-se novamente num jantar/convívio dos artistas, desta vez no Hotel Camelo.


A organização da II Colectiva ficou a cargo de Mário Jorge Branquinho, pela Câmara Municipal, e de Sérgio Reis, representando os artistas, havendo ainda a registar os contributos de Ana Carvalhal, que elaborou a capa do catálogo, e Célia Roque, que ajudou nos contactos com a família de Amílcar Henrique para a exposição de homenagem.

Estiveram expostas 60 obras de pintura, escultura e fotografia, de 31 artistas constantes no catálogo, mais 2 fora do catálogo, no Salão das Magnólias e galerias anexas da Casa Municipal da Cultura de Seia. Dois artistas participaram com fotografia: Júlio Vaz Saraiva, conhecido pelos seus desenhos, e o fotógrafo José Carlos Calado.

Realizaram-se ainda duas exposições paralelas, para além de uma pequena mostra de obras de escritores senenses. Uma exposição de homenagem a Amílcar Henrique, jovem artista falecido em 1999, aos 20 anos de idade, e a exposição Seis Artes/Seis Expressões (seis, por afinidade fonética com Seia), que permitiu colocar em diálogo diferentes modalidades criativas e expressivas através de uma selecção de trabalhos de cinco artistas e um arquitecto convidados: Álvaro Carvalho (cerâmica); Fernando Gonçalves (desenho); Irene Gomes (pintura); Jorge Dinis (arquitectura); Vitor Roque (fotografia); Zeferino Paulo (escultura).

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III Exposição Colectiva dos Artistas Senenses
12 a 27 de Maio de 2001

A III Exposição Colectiva dos Artistas Senenses registou um aumento considerável de artistas e um pico de público visitante – que iria manter-se em 2002.

Em 2001, a organização foi partilhada pela Câmara Municipal de Seia e Associação de Arte e Imagem de Seia, então constituída, representadas respectivamente por Mário Jorge Branquinho e Sérgio Reis. A única alteração introduzida no regulamento, que continuou a impor o máximo de duas obras por participante, foi limitar as suas dimensões a 100X100 cm. Apenas 7 artistas inscreveram só uma obra.

Na sessão de abertura, Paulo Alexandre e Castro (licenciado em Filosofia e conferencista sobre temas da Estética) teceu algumas considerações sobre as artes e a Estética no final do milénio e Sérgio Reis traçou uma breve retrospectiva das artes plásticas em Seia. De seguida, os violinistas Paulo Costa (Licenciado em violino pelo Tudor College – Inglaterra) e Martina Leist (Licenciada pela Universidade de Frankfurt) interpretaram obras de Mazas e Pleyel. O Presidente da Câmara Municipal de Seia, Eduardo Brito, ofereceu pessoalmente a cada artista uma serigrafia de Sérgio Reis.

De referir, ainda, o excelente projecto gráfico e design do catálogo da III Colectiva, a cargo da Raiz – Agência de Relações Públicas e Publicidade (impressão GrafTeam), após ter concebido um outro, muito original (impressão Tipografia Montes Hermínios), para a exposição colectiva do MAC em Seia, realizada com o apoio da Câmara Municipal de Seia nas Galerias do Salão das Magnólias em Dezembro de 2000. Até em matéria de catálogos – a primeira imagem e a melhor memória de um evento – a terceira grande Colectiva esteve de parabéns.

Sérgio Reis


RECORTES DE IMPRENSA (clicar na imagem para ampliar)

Porta da Estrela Nº563, 10 de Maio de 2000


Jornal de Santa Marinha Nº171, 01 de Junho de 2000







Jornal de Santa Marinha Nº191, 01 de Maio de 2001




Notícias da Serra Nº67, 04 de Maio de 2001



Porta da Estrela Nº597, 21 de Maio de 2001

NOTA PARA REFLEXÃO: A escultura de metal e madeira que aparece no centro da foto acima é da autoria de Ricardo Cardoso, então aluno do Curso de Artes e Ofícios da Escola Secundária de Seia.


Fontes: Catálogos e outros documentos da organização das Colectivas; imprensa local, regional e nacional da época.

Agradecimentos particulares: Jornal As Beiras, Jornal de Notícias, jornal Público, Jornal de Santa Marinha, Porta da Estrela, e antigos administradores do quinzenário independente Notícias da Serra, já extinto.

Ir para:
1- As grandes Colectivas de Artistas Senenses, entre sonhos de Bienais
2- Maturidade e plenitude das grandes Colectivas de Artistas Senenses
3-Sob o signo das Belas Artes (em preparação)

terça-feira, 9 de junho de 2009

10 Anos da I Exposição dos Artistas Senenses

1-As grandes Colectivas de Artistas Senenses, entre sonhos de Bienais
3-Sob o signo das Belas-Artes (em preparação)
Referências:seiaportugal.blospot.com e comentário de MJB
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As grandes Colectivas de Artistas Senenses, entre sonhos de Bienais
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Painel colectivo - I Exposição Colectiva dos Artistas Senenses

Em Maio de 1999, há precisamente 10 anos, um acontecimento artístico marcou o ano cultural senense: a I Exposição Colectiva dos Artistas Senenses.
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A 09 de Fevereiro de 1999, o Gabinete Cultural da Câmara Municipal de Seia realizou uma reunião com algumas pessoas que se sabia desenvolverem, no concelho, no âmbito das suas profissões ou nos tempos livres, alguma actividade artística. Pretendia-se promover a reflexão sobre as artes e os artistas no concelho, reunir vontades e conciliar esforços entre a autarquia e os artistas locais com vista à realização de um grande evento artístico em Seia. Compareceram 14 pessoas.

Mário Jorge Branquinho, que deu rosto e voz à iniciativa camarária, lançou algumas ideias mobilizadoras, entre as quais a criação de uma bienal de artes em Seia.

A ideia da bienal integrava-se na nova estratégia cultural da Câmara de Seia, centrada no apoio generoso a eventos culturais relevantes promovidos e organizados pelas colectividades, ao longo do ano e em datas preferencialmente fixas, cabendo à autarquia definir a programação cultural anual em função desses apoios e dos eventos que organizava ou co-produzia – com destaque para a tradicional Feira do Queijo/Festa do Pastor (Fevereiro) e FIAGRIS – Feira Industrial, Comercial, Agrícola e de Serviços de Seia (Julho).

Na origem desta estratégia pode apontar-se a regularidade dos festivais internacionais de folclore realizados com apoio da Câmara, mas o rumo a seguir tornou-se claro após o sucesso alcançado pelo CineEco – Festival Internacional de Cinema e Vídeo de Ambiente da Serra da Estrela, criado em 1995 e realizado sempre em Outubro, assim como o êxito das Marchas Populares (Junho), das Jornadas Históricas de Seia (estreadas em Novembro de 1998), da Feira do Livro e do Circuito de Atletismo de Seia. A Semana da Juventude (Março) foi uma das novidades de 1999, entre as quais há a destacar a Exposição Colectiva de Artistas Senenses (Maio) e o Cortejo Histórico que mobilizou os estabelecimentos de ensino do concelho para o feriado municipal (3 de Julho), com programa alargado. (1)

Este esforço da autarquia traduziu-se em bons resultados globais. Apesar das taxas de utilização dos espaços de cultura e lazer terem melhorado após a criação do Cartão Municipal da Juventude, no final de 1996, certo é que, em 1999, o Cine-Teatro registava já uma utilização diversificada, muito para além dos filmes semanais e da ocasional peça de teatro, e a ocupação do Salão dos Congressos foi intensificada graças a um equilibrado programa cultural. Neste contexto, a Câmara Municipal constituiu a Empresa Municipal de Cultura e Recreio, ainda em Fevereiro de 1999, para agilizar aspectos burocráticos de funcionamento dos espaços de cultura e lazer (Cine-Teatro Jardim, Salão dos Congressos e Piscinas Municipais), mas ressalvando que “as orientações sobre actividades culturais continuam a ser determinadas pelo executivo camarário” (Porta da Estrela Nº 523, 20 de Fevereiro 1999).

A abertura e apoio da Câmara Municipal a uma grande iniciativa bienal de promoção das artes em Seia foi muito aplaudida na referida reunião de 09 de Fevereiro, mas a maioria dos artistas presentes defendeu uma iniciativa exclusivamente dirigida aos artistas locais, com prémios de participação e de aquisição, pronunciando-se a favor de uma exposição colectiva anual que agregasse os artistas senenses, “sem juízo prévio de admissão nem tema limitador da criatividade ou da participação dos artistas interessados” (2).

A reunião serviu também para definir o conceito de “artista senense”, considerando que a naturalidade seria um critério insuficiente – e até injusto. Na verdade, muitos filhos de senenses foram levados a nascer em Viseu ou Coimbra, por aí haver então melhores cuidados de saúde ou mais e melhor emprego, e outros nasceram em terras longínquas, inclusive no estrangeiro, onde os pais se encontravam emigrados, ou ainda nas ex-colónias portuguesas. Por outro lado, alguns artistas naturais de diversos pontos do país residiam e trabalhavam em Seia havia vários anos, encontrando-se integrados na sociedade senense e contribuindo para o benefício do concelho. Foi decidido, assim, considerar “artistas senenses” os artistas naturais do concelho, sem excepção, ou que tivessem uma ligação inequívoca a Seia: ligações familiares, residência, emprego.
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Para representar os artistas na organização da I Exposição Colectiva de Artistas Senenses, foram então eleitos: Ana Carvalhal; Ivo Mota Veiga; Rui Fragoso Fernandes e Sérgio Reis.

As exposições colectivas tinham já alguma tradição em Seia, sendo até frequente dois ou três artistas juntarem as suas obras numa única exposição - muitas vezes por falta de produção suficiente para exposições individuais - ou participarem em colectivas temáticas / comemorativas a convite de instituições e entidades (Festas da Vila, Dia do Município, Feira do Queijo, FIAGRIS, Dia da Liberdade, Dia da Mulher), por causas humanitárias, para angariação de fundos, e até manifestações artísticas de apoio a candidatos políticos (exposição colectiva na sede da candidatura de Jorge Sampaio à presidência, por exemplo). A juventude também tinha espaço de expressão, destacando-se a colectiva de jovens artistas organizada em 1998 por Rui Fragoso Fernandes e outros, no mesmo espaço onde decorreria a I Exposição dos Artistas Senenses, e a dinâmica da Casa de Juventude D. Ana Nogueira, que promoveu em São Romão a exposição colectiva Arte Jovem’98. Ainda em 1998, realizou-se a 1ª Exposição de Arte da Escola Secundária de Seia, que viria transformar-se em 2001 na vistosa Exposição de Arte da Biblioteca Escolar. Em Fevereiro de 1999, decorreu no espaço do Salão de Congressos uma exposição de trabalhos de Ana Carvalhal e Isabel Saraiva.

A comissão organizadora da I Exposição Colectiva dos Artistas Senenses procurou, desde o início, desenhar todo o projecto de modo a que a exposição colectiva fosse, ela mesma, o grande acontecimento. A mecânica do regulamento, a grandiosidade da inauguração, a quantidade e qualidade das obras, o catálogo exaustivo (que suscitasse a consulta, prolongando a memória do evento), as actividades paralelas (incluindo a pintura “ao vivo” de um painel colectivo), a mobilização da imprensa e a afluência de público transformaram a I Exposição Colectiva dos Artistas Senenses num verdadeiro acontecimento cultural, que marcou o ano senense de 1999 e projectou as artes senenses para o século XXI.

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A realização de uma bienal de artes em Seia manteve-se em aberto, tendo sido até referida nos objectivos da I Exposição Colectiva dos Artistas Senenses: “Promover a troca de ideias e de experiências artísticas”; “Divulgar o trabalho dos artistas senenses”; “Valorizar a sua obra junto do público fruidor, coleccionadores, instituições e empresas privadas da região”; “Testar a capacidade organizativa, oferta de espaços e consistência de apoios e patrocínios na perspectiva de se realizar em Seia uma Bienal de Artes”.

Ao longo da exposição, continuou a falar-se na possível criação de uma bienal, inclusive no jornal As Beiras (15 de Maio 1999) com o título “Mostra de Pintura pode tornar-se numa bienal de arte”), no jornal Notícias da Serra (Nºs 7, 8 e 10, Abril e Maio 1999) e no jornal Porta da Estrela (20 de Maio 1999). Também foi discutida a criação de uma associação de artistas, com ecos no Jornal de Notícias, sob o título e sub-título: “Artistas dispostos a criar associação – Primeira mostra colectiva dá lugar a painel e cria desejo de união para ganhar força” (JN, 08 de Julho 1999).
O jornal Notícias da Serra noticiou o seguinte (clicar na imagem para ampliar):
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Jornal Notícias da Serra Nº17, Julho de 1999

O optimismo promissor que transparece na notícia, embora retratanto fielmente o espírito vivido nesse jantar/convívio de artistas, não se concretizou na prática, de imediato, mas ressurgiu após a viragem do século, quando se reuniram vontades - mais uma vez graças a Mário Jorge Branquinho - para fundar a Associação de Arte e Imagem de Seia (constituída a 18 de Maio de 2001) com o objectivo imediato de realizar, na cidade, uma grande bienal… de fotografia - o PHIS'2002, Festival Internacional de Fotografia de Seia. O projecto era ambicioso e acabou por não se concretizar por falta de apoios suficientes, apesar do empenhamento dos promotores, José Carlos Calado e Mário Jorge Branquinho. Contudo, a criação da Associação e o sucesso crescente das exposições colectivas dos artistas senenses, permitiu evoluir para um acontecimento mais estruturado e abrangente logo em 2002: a ARTIS I – Festa da Artes em Seia.

Três anos depois, a ARTIS IV daria a ver a VII e última Exposição Colectiva dos Artistas Senenses. Em 2006, os artistas senenses diluíram-se no conjunto dos artistas participantes na ARTIS e a fotografia tornou-se uma modalidade autónoma devido ao número de fotógrafos inscritos – rumo a uma futura bienal de fotografia?

ARTISTAS PARTICIPANTES

No conjunto das sete Exposições Colectivas de Artistas Senenses (1999-2005), participaram 103 artistas:

Alexandra Pereira; Álvaro Quintas Morais; Amílcar Henrique; Ana (Maria) Abrantes; Ana Abrantes; Ana Brito; Ana Carvalhal; Ana Fonseca; Ana Magalhães; Ana Paiva; António Correia; António Fernandes; António Ferreira; António Nogueira; Augusto S. Pereira; Beatriz Lopes; Belarmino Morgadinho; Branca Fernandes; Carina Alexandre; Carlos Vale; Catarina Gonçalves; Cecília Brito; Célia Roque; Carlos Rodrigues; Carlos Moura (C. Moura); Carlos Vanderberg; Christine Guerra; Cláudia Antunes; Conceição Lages; Cristina Costa; Diana Amaral; Diana Lages; Eduardo Loio; Eduardo Pinto; Elimarq (Elisa Marques); Emília Clara; Estela Miranda; Fátima Oliveira; Fernanda Freire; Fernando Figueiredo; Fernando M. Amaral; Filomena Costa; Filomena Lopes; Francisco Paulo; Geoff (Geoffrey Kilpatrick); Helder Martins; Helena Abreu; Helena Dias (MHDias); Henadzi Lazakovich; Isabel Nascimento; Isabel Saraiva; Isabelle (Isabel Almeida); Ivo Mota Veiga; Joana Furtado; João Botelho; João Pina; José Carlos Calado; José Carlos Marques; José Conde; José Ferreira Matias; Júlio Vaz Saraiva; Liliana Cardoso; Liliana Santos; Luís Ferrito; Luís Flávio; Luiz Morgadinho; Lurme Simões; Mabel (Isabel Matias); Marco Leal; Marianne (Anne Marie); Márcio Silva; Maria Tenreiro; Mário Jorge Branquinho; Mila Sousa; Paula Neves; Paulo Alexandre e Castro; Paulo Ferreira; Paulo (Santos) Bastos; Pedro Renca; Ricardo Cardoso; Ricardo Fonseca; Rui Amaro; Rui Cunha; Rui Fragoso Fernandes; Rui Gouveia; Rui Simões; Rute Silva; Sandra Barbas; Sandra Ferrão; Sandra Figueiredo; Sandra Neves; Sandrina Santos; Sena Crispim (Cândido Miranda); Sérgio Reis; Sílvia (Sylvia); Sílvia Ribeiro; Sónia Pereira; Tania Antimonova; Tânia Costa; Tavares Correia; Vaz Santos; Virgínia Pinto; Xico Melo (Francisco Dias Mota Veiga).

Os currículos actualizados destes artistas podem ser consultados no site da Associação de Arte e Imagem de Seia ou no blog da ARTIS 8.

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Capa do catálogo da I Exposição Colectiva

I Exposição Colectiva de Artistas Senenses
15 a 30 de Maio de 1999

Com vista à elaboração do regulamento de participação, foram desenvolvidas algumas ideias discutidas em Fevereiro na reunião dos artistas. Considerando o espaço disponível e uma previsão de 18 participantes, no máximo, fixou-se em 3 o número de trabalhos a apresentar por cada artista.

O regulamento foi divulgado individualmente, junto daqueles cuja actividade artística era conhecida, ou por intermédio destes – que conheciam outros – e através dos jornais locais. A resposta foi surpreendente: em poucos dias, a organização recebeu 25 inscrições, um número que foi aumentando praticamente até à véspera da abertura da exposição.

Em Abril, o jornal “Notícias da Serra” (Nº - 06 Série II, 23 de Abril de 1999, pág. 12) referia o seguinte: “(…) Trata-se de uma iniciativa que está a despertar o interesse dos artistas do concelho, que, segundo apurámos, poderão chegar às 3 dezenas. Cada um apresentará 3 obras, podendo estar aqui o início de uma grande bienal de arte. (…)” .

Para além da exposição das obras, foi decidido editar um catálogo a cores contendo todos os artistas participantes, assim como outros artistas senenses já desaparecidos ou que a organização não conseguiu contactar oportunamente: Ana Ferreira Fonseca (São Romão, 1896-1990); o santeiro António Pimentel (final séc. XIX, início séc. XX); Luís Melo (Seia, 1921-1962); Lucas Marrão (Seia, 1824-Lisboa, 1894); Helena Abreu (Santa Eulália, 1924); Maria Fernanda Farrajota (São Romão, 1947).

Com a aproximação da data de abertura, os artistas foram convocados para uma reunião preparatória, realizada a 14 de Maio na sala de reuniões do Salão dos Congressos. Dos 29 artistas inscritos compareceram 20, apesar de se tratar de uma sexta-feira à noite. O entusiasmo era tal que todos os artistas se ofereceram para ajudar na montagem da exposição (um dos pontos da ordem de trabalhos).

No Salão dos Congressos (então mais conhecido por salão das Magnólias) e nas galerias anexas, aproveitando todos os espaços disponíveis, foram expostas 97 obras de pintura, escultura, vitral e azulejaria, dos 33 artistas participantes. A imprensa e a rádio foram noticiando outros números (29, 30, ...), de acordo com a contagem de momento ou considerando apenas os artistas que constavam no catálogo. Quatro artistas falharam o prazo limite de inscrição mas as respectivas obras foram incluídas na mostra, extra-catálogo, devido ao seu interesse para uma panorâmica global das artes em Seia.

Em termos de modalidades artísticas, a esmagadora maioria das obras eram pinturas. Apareceu apenas um artista com peças de escultura (extra-catálogo) e ninguém apresentou fotografia, uma modalidade que surgiria timidamente na exposição de 2000 e ganharia forte expressão na ARTIS, a partir de 2002. Seis artistas apresentaram obras de desenho, cerâmica e vitral.
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Em termos de formação artística, oito artistas eram assumidamente autodidactas, enquanto a maioria (15) indicava a frequência do atelier, com prática orientada por um artista. Em formação artística/técnica encontravam-se alguns jovens artistas, cujo número aumentou significativamente nos anos seguintes, devido à existência de um curso de Artes na Escola Secundária de Seia, e que engrossaram progressivamente o número de artistas com formação superior à medida que iam terminando os seus cursos, sobretudo na ARCA, em Coimbra.

A inauguração da exposição, na noite do dia 13 de Maio, contou com a presença das mais altas figuras da sociedade senense e muito público. Um grupo de artistas e homens de letras de Coimbra acarinhou a iniciativa, participando na cerimónia da abertura. Teve assim lugar uma homenagem ao pintor Pinho Dinis (que comemorava 30 anos de actividade artística, acabando de inaugurar em Lisboa uma grande exposição retrospectiva da sua obra), assim como ao pintor Pimenta Nunes, falecido pouco tempo antes, em circunstâncias trágicas. Os poetas senenses Fernando de Melo Sequeira Mendes, Catarina Mendes, José Saraiva e Jaime Pinto Pereira, foram evocados através da declamação dos seus poemas por José Machado Lopes, que também leu um poema meu, e Paulino Mota Tavares, da Universidade de Coimbra e do Movimento Artístico de Coimbra. Rui Coxito (Rui Amaro) leu poemas de sua autoria. Seguiu-se a actuação da Orquestra Juvenil da Serra da Estrela, dirigida pelo professor Marco Paulo Almeida Santos.

No jornal Notícias da Serra (Nº 09 – Série II, 14 de Maio de 1999), Mário Jorge Branquinho exprimiu assim a opinião unânime dos presentes:


“O concelho de Seia, que frequentemente dá provas de um grande dinamismo em vários domínios, acaba de dar mais um grande sinal positivo neste sentido, ao organizar uma grande exposição com todos os seus artistas. // É de facto uma iniciativa que demonstra o grande capital criativo que reside nas várias gerações de artistas, o que nos enche a todos de orgulho. De resto, são iniciativas como esta que mostram o grande potencial dos nossos artistas e nos faz pensar que se segue no melhor caminho.”


No Jornal de Santa Marinha, escrevia-se: “A mostra (…) revela uma capacidade invulgar de criatividade, tendo-nos causado algum espanto a quantidade de senenses que dedicam parte do seu tempo à arte. Julgo que não será fácil encontrar muitas comunidades com tão abundante vocação artística.” (Jornal de Santa Marinha (Nº 148, 01 de Junho, 1999).

A pintura colectiva do painel, no qual participaram 24 artistas, constituiu um agradável momento de trabalho conjunto – partilha de experiências e convívio – especialmente no Domingo à tarde, quando vários artistas se juntaram para pintar.

O painel foi adquirido pela Câmara Municipal, pelo valor de 450 mil escudos (2250€) – que foi distribuído por todos os participantes na exposição, como prémio de participação e “incentivo para outras acções que prestigiem a arte em Seia” (Eduardo Brito, ao Jornal de Notícias). A obra colectiva esteve exposta no restaurante da Quinta do Crestelo, onde decorreu o jantar convívio dos artistas, com a presença do Presidente da Câmara, Eduardo Brito, alguns vereadores e a totalidade dos artistas participantes. Posteriormente, o painel foi colocado no Salão de Congressos/Auditório da Casa Municipal da Cultura.

Sérgio Reis

(1)-Porta da Estrela Nº 551, “Balanço 1999”, 10 de Janeiro 2000, pág. 16
(2)-Extraído do texto introdutório da proposta de regulamento, elaborado pela comissão de artistas.

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RECORTES DE IMPRENSA (clicar na imagem para ampliar)
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Fontes: catálogos das exposições e documentos da organização das Colectivas; imprensa local e regional; Jornal Municipal e SeiaMagazine (2000).
Agradecimentos: jornal As Beiras; Jornal de Notícias; Jornal de Santa Marinha; jornal Porta da Estrela; antigos administradores do quinzenário independente Notícias da Serra; Câmara Municipal de Seia / Casa Municipal da Cultura de Seia.
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1-As grandes Colectivas de Artistas Senenses entre sonhos de Bienais
3-Sob o signo das Belas-Artes