quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Café Residência - Caixa de Crédito Agrícola

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Painel (4,80 X 0,80 m) composto por 6 quadros sequenciais alusivos ao espaço oscilante e volátil do “café”, evocando o Café Residência onde foi instalada a Caixa de Crédito Agrícola de Seia, em 1997.
As telas qua compõem o painel encontram-se numeradas de 1 a 6, com indicação do ano de conclusão do trabalho.
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Residência Serra da Estrela com o café, no rés-do-chão


A Caixa de Crédito Agrícola em 2009

Actual localização do Café Residência, em frente à Câmara Municipal

Para a inauguração da nova sede da Caixa de Crédito de Seia, foi elaborado um folheto com a capa e o texto seguintes:


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“E então chegam as personagens. Vão e voltam, atravessam os quadros, saem de um para regressar noutro, passeiam através deles.” TEOLINDA GERSÃO.
"FRAGMENTOS DE PEQUENOS GRANDES ROMANCES

O ponto de partida foi o desafio de captar, através de formas e cores, o ambiente de um local público com características próprias: um café. Não o seu espaço físico, representação técnica e simbólica de volumes, hiperrealismo de superfícies, luzes e sombras, cor ambiente. Chegou-se assim à fixação de um espaço volátil, com contrastes de luz, de cheios e de vazios, repleto de presenças e de ausências. Com breves mas assíduas aberturas para o exterior, com outra luz e outras cores. Vazios dentro de vazios.
Um café não tem residentes como um escritório. Gente entra e sai, muita dela anónima, trazendo e levando expressões, conversas, gestos, silêncios, risos, amarguras. São figuras abstratas, algumas sem nexo, outras em busca do seu lugar no mundo. Entram, pairam, saem, num ritmo incerto, seres sociais dissociados do relógio da natureza. No quadro, só poderiam Inspirar uma figuração abstratizante, em que os corpos e os rostos se diluem no cenário como se dele fizessem parte num instante qualquer da sua distraída passagem pelo café.
Assim, as seis telas que compõem o painel, a última propositadamente afastada do conjunto principal, compõem três dípticos: o da entrada (telas 1 e 2), o interior (telas 3 e 4), a saída e o exterior (telas 5 e 6). Esta sequência propõe um ritmo quase cinematográfico, uma espécie de “travelling” rápido que apenas capta silhuetas, particularidades sumárias, cores. O último quadro tem como centro o pôr-do-sol, o ocaso de um espaço público que foi local de referência e ponto de encontro de uma boa parte da sociedade senense. Porém, a coexistência das imagens – tal como acontece na Banda Desenhada – permitem a re-visão/re-visitação, convidando à interpretação psicológica das figuras sugeridas pela sua postura, cores mais quentes ou mais frias, dinamismo, transparência, jogos de planos. Cada uma das figuras pode, afinal, sugerir-nos pedaços de pequenos grandes romances. E neste ambiente abstracto de um café desaparecido, todas estarão agora condenadas a permanecer, com o seu estranho halo de fantasmas simpáticos. 
SÉRGIO REIS"

Inauguração da nova sede da CCAM, 1997



1 comentário:

Unknown disse...

Boa tarde, sou o atual proprietário do café Residência, não posso deixar de mostrar a minha satisfação, por me ter demonstrado o verdadeiro sentido da palavra café, pelo que gostaria, se assim fosse possível, transcrever as suas frases, para uma parede do atual Residência, com a sua devida assinatura. Certo que poderá ser uma forma de expor a sua arte na escrita, peço por isso autorização para o efeito.
Pedrosoares@inbox.com